quinta-feira, 24 de abril de 2008

Shakin' All Over

Ainda ofegante, reconduziu os revoltos cabelos de volta para trás da rubra orelha. Toda ela era fogo: o sangue corria-lhe mais quente que nunca, e a timidez dava-lhe um ar angelicamente indefeso.
Ela sempre adivinhara que este dia chegaria, que o momento aconteceria, e no âmago da sua insegurança só desejava não acabar enxovalhada.
Após ajustar a desgovernada blusa, de novo voltou a mira-lo. Ele sorria fraternamente, banhando-a de compaixão. Ela, enquanto apertava uma argola que se soltara, não deixava de pensar: “Como pude cair a seus pés?!?”.
Tenta erguer-se, mas os cansados joelhos aterram-na de novo. De novo o fita, e ele ainda a envolve em ternos olhares. Apesar de fugaz, para ele, todo o momento parecia prolongar-se eternamente.
Por fim, ela encontra hercúleas forças que batem a constrangedora gravidade, levanta-se, olha em volta, e agarra o salto-alto que se quebrara, precipitando a sua queda em plena via pública.
“- Tas a olhar? Nunca bistes? Uma pessoa já não pode cair que há logo festival…”