sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Awful tasting medicine

Não passava de um gaiato quando aprendi que nesta vida há dois tipos de pessoas: aquelas que têm uma vida, e aquelas que numa tarde de quarta-feira assistem ao debate quinzenal na Assembleia da Republica.
Bem, em verdade falando, não passava de um gaiato quando aprendi que nesta vida há vários outros tipos de pessoas, e vários outros factores a ter em conta quando a julgá-las. Temos os homens e as mulheres (apesar de não ser assim tão linear, visto ainda ser necessário enquadrar nesta solução os hermafroditas e os leirienses); temos os comunistas e as pessoas que não fazem questão de comer criancinhas; temos os apoiantes do partido popular e todos aqueles a quem um pólo Lacoste não é de todo indispensável; temos as pessoas com bom-senso e as pessoas que dão nomes de fruta a blogues…
Mas voltando à temática inicial, há pessoas que têm uma vida, e há aquelas que numa tarde de quarta-feira assistem ao debate quinzenal na Assembleia da Republica. Ao que parece, eu não tenho vida às quartas-feiras à tarde.
Assim, no rescaldo de uma noite de festa, ainda de camisa e a estranhar bastante o facto de ter dois números de telemóvel desenhados na mão direita (mais tarde vim a descobrir serem de um padre que me achara bem-parecido, e da casa de penhores onde deixara o meu orgulho), sentei-me em frente ao televisor, e esperei até que os meus olhos voltassem a ver a cores.
15 minutos depois e já a cores, assistia a um estranho espectáculo de luz e cor, que passados outros 30 minutos vim a perceber não se tratar de mais um episódio da BBC Vida Selvagem. Tratava-se afinal do último debate quinzenal deste ano com a presença do Primeiro-Ministro na Assembleia da Republica. Decidi-me a ver.
Das infindáveis horas que o espectáculo durou, nada de monta a apontar, até porque o meu televisor não tem som, e ainda não domino a arte de ler lábios e trejeitos faciais.
Até que a certa altura o meu vizinho (que, ao que parece, não tem vida também) ligou o televisor na mesma estação e em bom som, pelo que finalmente consegui acompanhar o debate em condições.
Dois minutos bastaram para que ouvisse o que mais tarde vim a descobrir ter-me feito ganhar o dia. Efusivamente, Jerónimo Sousa, secretário-geral do PCP, afirmava, e cito “(…) os portugueses têm que comprar mais pão senhor Primeiro-ministro, porque estão a cortar na carne, no peixe, nos medicamentos (…)”.
Ali, no sofá, agora mesmerizado pelo brilhantismo do plenário, meditei sobre as palavras do secretário-geral do PCP, e acabei recordando-me das histórias que a minha avó sempre me contou do seu tempo. Tempo esse em que as pessoas colmatavam a falta de medicamentos com o pão, curando vis enfermidades com regueifas e broa de Avintes. Como o meu tio-avô Jordão, que através da ingestão diária de moletes viu a sua perna em tempos amputada, reaparecer miraculosamente…

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Touché

Amigo meu disse-me que tinha como herói o Robin, colega de aventuras do Batman.

Matei-o com uma pá...