10 horas da manhã e eu ás portas do Paraíso. Cansado, caminho lentamente na direcção de S. Pedro, que sentado atrás da sua secretária lê o 24 horas. Gordo e velho, nem dá pela minha chegada.
“O meu dinheiro Pedro?”, perguntei. O pobre sacana pedira-me 30 contos para a entrada de um apartamento aquando do seu 2º divórcio, e “esquecido” ainda não mos devolvera. “Ahh, olá Manel! Desculpa-me…a sério desculpa-me, mas ainda não o tenho! Sabes como é: a escola dos miúdos tá cara, mais os remédios pa asma do meu mais velho…”. O pobre coitado nem mentir sabia. Gasta tudo que lhe cai no bolso em tascos e em casas de má fama, e todos o sabem.
Envergonhado e cada vez mais encarnado, deixou-me entrar sem fazer perguntas. “Não me vais obrigar a castigar-te pois não? Tens um mês.” disse, despedindo-me.
Já no Paraíso, avisto o imponente Deus sentado num banco de jardim, de frente para um belíssimo lago repleto de todas as aves e peixes que o Homem conhece e conhecerá. Ao seu lado repousa um rádio, irradiando uma estridente e irritante música.
“Espera, tas a ouvir Tony Carreira?!?”, perguntei estupefacto. “Porque não? – retorquiu – o gajo tem boas baladas, com uma sonoridade calma mas moderna, recheadas de uma subtil mensagem amorosa. Simplesmente excelente!”.
“O teu filho sabe disto? Que diz ele de tudo isto?” rematei. “Tou-me a borrifar para esse hippie insolente mais a sua opinião…Mas diz-me lá, que fazes aqui hoje?”.
Irado respondi, “Não acredito que te esqueceste! Tinhamos combinado jogar badminton hoje ás 10:30! Fogo Deus, és sempre a mesma coisa...”
domingo, 29 de julho de 2007
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário