“All fucking ninjas should be fucking hanged!”, disse-me, certo dia, um velho mendigo no metro de Londres, notoriamente tocado pela febre da uva. Censurei-o, não pude deixar de o fazer. Afinal, os ninjas são há séculos o motor da economia mundial, sempre proliferando a produção de fatais estrelinhas de metal, de justinhas vestimentas de nylon preto, e de mesmerizantes livrinhos de colorir, com que enganam os tempos mortos. Afinal, são eles quem ainda mantém abertas as inúmeras fábricas de têxteis a norte do rio Ave, empregando assim milhares de crianças, que de outra forma seriam entregues a um árduo labor em frente a um Magalhães.
Como tinha sido bem forte o abraço que Baco lhe dera, decidi perdoar-lhe tal blasfémia, escusando-me assim a agredi-lo violentamente. Paguei, no entanto, a dois paquistaneses para que o fizessem por mim (ah, bom velho humor racista).
De volta a Portugal, decidi revisitar a história dos ninjas neste pais à beira-mar plantado. Desde a idade média até aos dias que correm, os ninjas sempre estiveram presentes nos grandes momentos da história de Portugal. Foram eles quem nos garantiu a vitória em Aljubarrota, e não a Graça Divina do Santo Condestável, e foi também um membro desta organização quase-secreta quem serrou uma das pernas da cadeira que vitimou Salazar. Veio a público nos últimos dias, que o plantel boavisteiro que venceu o Campeonato Nacional na época 2000/2001 era em grande parte constituído por velhos anciões da arte ninjitsu, e que Martelinho era inclusivamente o secretário-geral desta organização em Portugal. Por fim, o desaparecimento de António Sala dos ecrãs nacionais, é lembrado nos dias que correm como o maior feito dos ninjas em toda a Europa Ocidental.
Em êxtase com tão grandiosa história de façanhas e aventuras, enviei o meu curriculum para a sede dos ninjas na Europa, em Massamá, crente que um dia poderia vir a ser membro desta organização. Infelizmente, foi-me negada a candidatura por ter mais que 1,60mts, e não possuir licença de condução tipo D e D1.
A vida é tramada; terei de me contentar com o PCP. Não é tão agradável, mas ao menos poderei comer criancinhas ao pequeno-almoço (ah, bom velho preconceito politico).
domingo, 30 de novembro de 2008
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