domingo, 29 de julho de 2007

Um dia no Paraiso

10 horas da manhã e eu ás portas do Paraíso. Cansado, caminho lentamente na direcção de S. Pedro, que sentado atrás da sua secretária lê o 24 horas. Gordo e velho, nem dá pela minha chegada.
O meu dinheiro Pedro?”, perguntei. O pobre sacana pedira-me 30 contos para a entrada de um apartamento aquando do seu 2º divórcio, e “esquecido” ainda não mos devolvera. “Ahh, olá Manel! Desculpa-me…a sério desculpa-me, mas ainda não o tenho! Sabes como é: a escola dos miúdos tá cara, mais os remédios pa asma do meu mais velho…”. O pobre coitado nem mentir sabia. Gasta tudo que lhe cai no bolso em tascos e em casas de má fama, e todos o sabem.
Envergonhado e cada vez mais encarnado, deixou-me entrar sem fazer perguntas. “Não me vais obrigar a castigar-te pois não? Tens um mês.” disse, despedindo-me.
Já no Paraíso, avisto o imponente Deus sentado num banco de jardim, de frente para um belíssimo lago repleto de todas as aves e peixes que o Homem conhece e conhecerá. Ao seu lado repousa um rádio, irradiando uma estridente e irritante música.
Espera, tas a ouvir Tony Carreira?!?”, perguntei estupefacto. “Porque não? – retorquiu – o gajo tem boas baladas, com uma sonoridade calma mas moderna, recheadas de uma subtil mensagem amorosa. Simplesmente excelente!”.
O teu filho sabe disto? Que diz ele de tudo isto?” rematei. “Tou-me a borrifar para esse hippie insolente mais a sua opinião…Mas diz-me lá, que fazes aqui hoje?”.
Irado respondi, “Não acredito que te esqueceste! Tinhamos combinado jogar badminton hoje ás 10:30! Fogo Deus, és sempre a mesma coisa...

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